Este resultado das eleições presidenciais é, sem duvida nenhuma, uma derrota da esquerda, dos seus valores e ideais, dos que encabeçaram estas eleições (menos o Cavaco) e do partido socialista.
Desde o início da disputa presidencial assistimos a um debate pobre de ideias, entre os candidatos, e muitas vezes uma pura ausência delas. Sobretudo do candidato que, infelizmente acabou por ganhar à primeira volta.
O papel vegonhoso dos média foi gritante e o mais parcial de que eu tenho memória. Começou pelos debates televisivos, que se realizaram sem que se tivesse a certeza que candidatos iriam disputar as eleições, uma vez que as cadidaturas ainda não estavam formalizadas. Continuou com um levar ao colo do candidato da direita, depois de muitos meses de especulações e tabu sem que para isso houvesse notícia nenhuma a publicar.
Tratava-se o agora eleito presidente da republica como sendo já o presidente. E tudo girava em volta do "Sr. Silva".
Mas se ainda havia dúvidas de que a comunicação social era ou não imparcial, estas dissiparam-se na sexta-feira, dia de encerramento da campanha, e sobre tudo hoje, domingo:
Sexta: a RTP 1, televisão estatal, acompanhava os vários encerramentos das candidaturas e foi revoltante ver que os directos que estavam a ser transmitidos eram dos comícios do Mário Soares e do Cavaco Silva. Passavam de um para o outro como que se não existissem mais candidatos e embora tenham passado gravações do encerramento dos outros candidatos a disparidade de tempo de antena era absurda culminando num directo de minutos ao local onde decorria o comício de encerramento do Cavaco. Friso, ao local e não ao candidato, essa parte já tinham passado.
Sábado: as televisões pareciam não ter notícias para dar e uma vez orfas de presidenciais pariam reportagens longas e chatas sobre qualquer coisa, desde que fosse deprimente, mediático e não fosse política.
Domingo: após a saída das primeiras previsões, onde a RTP se aproximou mais da realidade do que as outras estações televisivas, esperava ver os candidatos discursar mas mais uma vez o poder dos média mostrou a sua cara mais ditatorial. Os discursos foram censurados:
1º Garcia Pereira - o discurso foi passado, se não na integra, quase na integra.
2º Jeronimo de Sousa - o início do discurso não foi transmitido e creio que não foi transmitido até ao fim.
3º Francisco Louça - o fim do discurso foi interrompido, retomado no meio de uma pergunta de um jornalista e novamente cortado. Devido a outros directos a individualidades que iam dar os parabéns ao Cavaco ou as condolências ao Mário.
4º Mário Soares - o directo foi iniciado antes de começar o discurso e terminou passado algum tempo depois do discurso acabar.
5º Manuel Alegre - o directo iniciou-se instantes antes do discurso começar e foi interrompido quase no início e substituido pelo directo do Socrates.
6º Cavaco Silva - tudo e mais alguma coisa foi transmitido
Pergunta: O que vem a se isto?
Resposta: Uma Mediocracia, associada a um duopólio politico-pseudojornalistico em que os candidatos com mais tempo de antena são aqueles que são apoiados pelos partidos com mais expressao nacional. Uma falta de respeito pelos candidatos menos votados mas sobretudo ao Manuel Alegre, que contra a máquina do aparelho do PS ficou em segundo lugar, bem à frente do Mário Soares, e cujo discurso foi interrompido para que José Sócrates se masturbasse em frente aos televisores numa tentativa bem sucedida, por culpa dos média, de enrabar o discurso do Alegre e abafar a, também, sua derrota.
Alguem sabe como é que se pede asilo político a um país?
23 janeiro, 2006
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3 comentários:
Boas,
Concordo plenamente com tudo o que dizes, e reclamas do mesmo que eu: realmente a coisa mais triste nestas eleições, para mim, foi o comportamento dos órgãos de comunicação social. Discordo, no entanto, deste ponto:
"1º Garcia Pereira - o discurso foi passado, se não na integra, quase na integra."
Tendo eu visto a RTP1 desde o início da noite até metade do discurso do Cavaco Silva (aonde já estava tão enjoado com o desempenho deste canal "público" que desisti de ver televisão até daqui a três anos e meio), posso-te afirmar que durante todo esse período não foi transmitido nada que tenha a haver com o candidato Garcia Pereira, tendo apenas sido transmitida uma curta entrevista com o seu assessor, quando já tinham passados vários minutos de imagens de "pessoas à espera que o Cavaco chegue ao CCB" (ou seja, quando já não tinham nada para preencher o tempo de antena), em que, ainda por cima, o dito assessor estava a dizer que, na sua opinião, os resultados tão fracos deviam-se ao facto da comunicação social ter dado mais tempo de antena aos outros candidatos que a ele (verdade inegável), ao que o apresentador da RTP respondeu "bem, sabemos que isso não é verdade, mas diga-nos, acha que o candidato vai concorrer da próxima vez?" mentindo descaradamente ao povo português e descartando-se da acusação fugindo com a conversa para outro tema. Se a televisão transmitiu os comentários do Garcia Pereira (coisa que não vi e por isso não sei se o fez), foi bem depois, descriminando-o face aos outros candidatos, que, cortados ou não (coisa que também condeno, entenda-se), foram transmitidos em directo.
o tempo de antena para o soares... bem, acho que os "jornaleiroistas" esperavam o inédito de meté-lo a chorar em directo... foi quase. lol
o Garcia pereira foi o primeiro a fazer uma comunicação oficial. fe-lo logo as 20h, logo após os resultados terem saido.
E qt ao Soares... teve uma postura digna de ancião... ;)
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